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Créditos: Pausa para um café |
Nome: Profissões Para Mulheres e Outros Artigos Feministas
Autor (a): Virginia Woolf
Editora: L&PM Pocket
Ano: 2012
Páginas: 112
Skoob: Adicione
Sinopse: Profissões para mulheres e outros artigos feministas reúne sete ensaios de Virginia Woolf nos quais ela questiona a visão tradicional da mulher como “anjo do lar” e expõe as dificuldades da inserção feminina no mundo profissional e intelectual da época. Numa era em que o papel da mulher modifica-se cada vez mais rapidamente, as críticas e reflexões de Virginia mostram que a autora estava à frente de seu tempo.
Uma das romancistas mais inovadoras da literatura inglesa, Virginia Woolf (1882-1941) notabilizou-se também como uma das precursoras do feminismo contemporâneo. Além dos seus clássicos modernistas Mrs. Dalloway e Rumo ao farol, escreveu artigos nos quais explorou sem igual a questão da mulher e seu papel em uma sociedade dominada por homens, ideias que ajudaram a pavimentar o caminho do movimento feminista.
Virginia
Woolf, em Profissões Para Mulheres e Outros Artigos Feministas, desconstrói. O livro é curto, porém cheio de ressignificados,
dividido em sete artigos, onde a autora rebate alguns ‘críticos’ que afirmavam
(ainda afirmam) que mulheres não escreviam livros de qualidade. Considerando,
segundo eles, que as mulheres são intelectualmente inferiores aos homens.
Em
Profissões para mulheres, primeiro artigo, lido em 21 de janeiro de 1931, além
da autora desconstruir o conceito de mulher criado socialmente como ‘anjo do
lar’, que significa a mulher correta para os padrões sociais do patriarcado.
Matar o ‘anjo do lar’ para compreender-se como mulher, foi seu primeiro passo
para se tornar escritora e exercer isso como profissão.
“[…] vocês, que são de uma geração mais jovem e mais feliz, talvez não tenham ouvido falar dela – talvez não saibam o que quero dizer com o Anjo do Lar. Vou tentar resumir. Ela era extremamente simpática. Imensamente encantadora. Totalmente altruísta. Excelente nas difíceis artes do convívio familiar. Sacrificava-se todos os dias. Se o almoço era frango, ela ficava com o pé; se havia ar encanado, era ali que ia se sentar – em suma, seu feitio era nunca ter opinião ou vontade própria, e preferia sempre concordar com as opiniões e vontades dos outros. E acima de tudo – nem preciso dizer – ela era pura.”
Virginia
não conhece a minha geração, pois não chegou a viver para isso, então,
infelizmente, devo informar: os ‘anjos de lar’ ainda existem, no Brasil e no
mundo. Mas, o legado da autora é que precisamos matar o ‘anjo do lar’ todos os
dias; precisamos desconstruir aquilo que é imposto como certo e normatizado. O
‘anjo do lar’ sussurra em nossa memória celular, bem como sussurrava na mente
da Woolf:
“Querida, você é uma moça. Está escrevendo sobre um livro que foi escrito por um homem. Seja afável; seja meiga; lisonjeie; engane; use todas as manhãs de nosso sexo. Nunca deixe ninguém perceber que você tem opinião própria. E principalmente seja pura.”
Outro
destaque significativo da obra, além do discurso de gênero, é a visão sobre as
questões de classe. Virgínia sabia que ocupava, socialmente, um lugar de
privilégio. Ela cita que seu primeiro salário como escritora não foi para pagar
contas, mas comprar um gatinho, depois um carro. Bem distante da realidade de
muitas outras mulheres. Portanto, ela não se fez de rogada para se apropriar do
discurso da meritocracia; ao contrário, ela também descontrói o discurso
meritocrático. Infelizmente, esse tipo de discurso é deveras aclamado pela
mídia nacional e algumas religiões.
Não
é possível discorrer sobre todos os artigos, seria um texto enorme, quase outro
livro. Pois, como citei acima, apesar de o livro ser muito pequeno, ele é imenso
em conteúdo. Rico em simbologia. É uma obra subversiva, que todas e todos
deveriam ler. A escrita é fluída, simples e gostosa. Essa é a oitava vez que
leio a obra e o devorei em pouco mais de uma hora.


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