Quando ela Desaparecer, por Victor Bonini

Nome: Quando Ela Desaparecer

Autor (a): Victor Bonini

Editora: Faro Editorial

Ano: 2019

Páginas: 272

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Sinopse: “QUAL A ARMA MAIS LETAL DO MUNDO?
OS SEGREDOS DAS PESSOAS.”
Do autor de O CASAMENTO e COLEGA DE QUARTO
Uma garota de dezesseis anos desaparece durante uma excursão escolar. Mas não se trata de qualquer garota. Dois anos atrás, ela esteve à beira da morte, e quando foi encontrada, ninguém acreditou que sobreviveria.
Agora, há dois meses desaparecida, não restam dúvidas de que esteja morta. Rastros de sangue e um colar arrancado são as únicas pistas. Pressionados, os policiais estão desesperados por respostas, mas ninguém na longa lista de suspeitos parece ter forte motivação para cometer um crime.
Até que o caso vira de cabeça para baixo e segredos muito bem enterrados emergem para revelar o lado cruel de um lugar aparentemente tranquilo. No meio de tantos possíveis culpados, os inocentes é que estão mais aflitos… porque alguns deles começaram a morrer.

   É sempre um prazer imenso ler as obras de Bonini, eu adoro a forma como ele consegue envolver o leitor e criar um suspense, e cá entre nós, um dos melhores autores em criar plots e surpreender não somente nos minutos finais mas na criação do personagens.

   Sobreviver duas vezes seria possível? Talvez não, mas é nessa fé que se sustenta o coração de Maria João, uma mãe que um belo dia descobre que sua filha se tornou estatística, mais uma adolescente desaparecida, sua querida filha Kika, uma adolescente conhecida por sua beleza e reclusão havia sumido justamente sob seus olhos e cuidado. Nesse momento e nessa situação se encontra uma mãe que agora vê sua vida mudar com o desaparecimento de um ente amado, e agora todos a sua volta buscam por justiça, todos querem saber, onde está kika? Como uma adolescente some sem deixar rastro, a pressão sob os policiais se torna desespero, e a busca por respostas rápidas não somente desenterrará um possível corpo, mas os segredos de todos os envolvidos...

   Eu confesso que me tornei uma apaixonada pela escrita de Bonini no momento que iniciei a leitura de O casamento, e desde então me vejo fascinada por como ele desenvolve seus personagens, e nessa obra em especifico eu realmente percebi sua dedicação e evolução, não somente por como ele nos envolve na história com personagens criveis e comumente encontrados em nossa rotina, as figuras caricatas que são reais em nossa vida, quem nunca teve um professor e diretor como Sandrão, que cuida de todos, aconselha e também diverte. Kika é a típica adolescente popular, não exatamente pelo carisma mas por ser misteriosa, ousada e também reclusa em si, sem muito contato ou compartilhamento com os colegas. Elaine, a garota inteligente que é sociável e carismática, que facilmente se enturma nos grupos. Maria João, uma mãe religiosa, recatada e do lar, como toda boa mulher é criada pra acreditar que deve ser, porém uma mãe zelosa, que vai até o fim pela filha que tanto ama e Lauro Jahib é o delegado dedicado, afetuoso dentro de suas possibilidades, preocupado em agradar uma parte do social que lhe cobra justiça e respostas.

   A obra é um leque de personagens criveis, bem desenvolvidos e que fluem com o ambiente, os diálogos e a história que se desenvolve nas páginas criadas por Bonini, eu poderia e amaria falar um pouco de todos eles, mas acreditem daria outra resenha haha. E é nesse ponto que acredito ser um dos motivos que me fizeram adorar a história, eu consegui identificar pessoas que são referência do que vemos diariamente, o autor investiu numa obra que conversa com o que o leitor justamente pelos personagens mais caricatos e brasileiros e com o funcionamento real e não romantizado da nossa justiça, a obra em nenhum momento me remeteu a livros internacionais – vulgo americanos, é uma obra que faz jus ao nosso território.  

   É perceptível o investimento feito por Bonini ao escrever esse livro, fica claro a influência da sua veia jornalística ao escrever sobre crimes que soam reais. Preciso registrar também meu elogio a edição que sinceramente está maravilhosa, os recortes de jornal, as imagens, os pedaços de relatórios. Não bastasse todos os motivos já citados, a obra aborda alguns assuntos que podem passar quase batidos, mas estão presentes e se tornam relevantes em diversos momentos da leitura, como as questões emocionais envolvendo o desaparecimento de uma pessoa, o tabu que envolve a sexualidade, a violência e o abuso e a forma como lidamos – ou no caso deixamos de lidar com esses temas.

   Quando ela desaparecer é um livro envolvente, fluído e difícil de largar. O leitor passa por diversas fases, e se sente parte da investigação que busca encontrar Kika, e as reviravoltas são realmente dignas de elogios, surpreendem e empolgam o leitor, e é exatamente isso que buscamos ao escolher uma obra de suspense e mistério.