O Ano da Graça, por Kim Liggett


Nome: O Ano da Graça
Autor (a): Kim Liggett
Editora: Globo Alt
Ano: 2020
Páginas: 356
Skoob: Adicione 

Sinopse: Tierney James vive no Condado de Garner, uma sociedade patriarcal onde as garotas aprendem desde cedo que sua existência é uma ameaça.
Lá, acredita-se que jovens mulheres detêm poderes obscuros e, por isso, ao completarem dezesseis anos, são enviadas a uma espécie de campo de trabalho, no qual devem permanecer durante um ano para se “purificar”.
Mas nem todas retornam vivas e as que voltam parecem diferentes. No Condado de Garner, é proibido falar sobre o Ano da Graça. Mas Tierney está pronta para subverter as regras.
O Ano da Graça é uma história brilhante, assustadora e atual sobre os complexos laços formados entre mulheres e a resistência delas em uma sociedade misógina, patriarcal e desigual. O livro será adaptado para o cinema pela Universal Pictures com produção e direção de Elizabeth Banks.


 Essa é a segunda leitura do Projeto de Leitura Feminista, e escolhemos uma obra diferente da primeira, uma distopia criada pela autora Kim Liggett e recebida em parceria com a Globo Alt, que abrange de modo sutil e ‘’ficcional’’ um futuro que ao refletirmos não parece assim tão distante.


  Tierney é uma adolescente que cresceu tendo um pouco de liberdade, sem se prender a todas as regras sociais que lhe foram impostas ela viveu até sua adolescência como uma garota rotulada de menino e agora precisa se preparar para o Ano da Graça, um período que todas as mulheres do Condado de Garner precisam passar longe de suas famílias para que sua magia suma e elas possam voltar aos entes queridos.  Infelizmente nenhuma das mulheres fala sobre esse ano e nem todas que partem retornam vivas, ou inteiras...

   Falar sobre essa leitura, ou melhor, escrever sobre ela é processo cheio de informações que quero contar aqui e tornaram minha leitura incrível mas que se eu falar demais pode ser spoiler e estragar a sua leitura, mas o que precisa ser dito é: Kim Liggett criou uma distopia que tem mais a ver com nosso momento atual do que parece.

­   Tierney como adolescente é uma excelente jovem adulta, a única que consegue manter o mínimo de lucidez durante todo o livro, a única que consegue passar por tantos empecilhos sem precisar ceder ao seu lado violento e animalesco, mas tenho a alegria de dizer que não é a única a lutar. O Ano da graça é uma obra que aposta na luta, seja ela de modo agressivo – que sejamos sinceros tem muita violência no livro explicita e implícita, seja de modo passivo que pra mim foi o momento mais leve e importante da obra. O Condado de Garner é um local que lembra cidades do interior em que status e poder vem de acordo com sua família e principalmente o homem que rege essa família, tudo gira ao redor dos homens e seu poder, força e imposição diante das mulheres, conhecido comumente como Patriarcado e que no livro é impossível não perceber – ele literalmente grita na cara das mulheres.

    Apostando em personagens diferentes e que simbolizam exatamente o que se esperaria de uma sociedade que utiliza da religião como meio de controle das mulheres acompanhamos garotas adolescentes viverem momentos de terror e submissão diante da crueldade de homens que precisam mantê-las controladas para que seu domínio permanece por longos anos, e isso é feito colocando-as umas contra as outras, utilizando manipulação por meio do medo do místico, o medo da morte e principalmente o medo de perder quem ama. A obra de Kim também fala a União das Mulheres e como nem sempre lutar significa brigar, principalmente quando vidas podem ser perdidas e que sozinhas não venceremos nem a nós mesmas.

   O Ano da Graça captura tal qual Margaret Atwood fez em O conto da Aia, falando sobre o controle e imposição do masculino diante do feminino, a luta por poder, dominação e dinheiro sem esquecer que a subversão está sempre ao lado esperando uma frestinha para surgir. 

Já conhece o Projeto Leitura Feminista? É um projeto criado por mim e a Lilian Farias e que busca trazer conteúdos sobre feminismo de uma forma mais acessível e diversificada com debates e leituras para todos os gostos. Se tiver interesse em conhecer mais clique na imagem abaixo e visite também nossos posts nas redes sociais.  A próxima leitura do projeto foi cedida em parceria com a Editora Boitempo, o título é: Mulheres e Caça as Bruxas de Silvia Federeci.











9 comentários:

  1. Paac, tu acredita que eu nao fazia ideia do que tratava o livro até ler tua postagem?
    Vi uma pessoa lendo ele num café no começo do mês mas não parei pra perguntar do que era. Kkkkk
    Deve ser uma leitura tensa e eu fiquei curiosa com ele...

    Anotei na lista.
    Küss 😘

    ResponderExcluir
  2. Amei esse projeto de vocês! E amei esse livro também. Eu concordo contigo, que fui capturada pela leitura de Margaret Atwood e, muito provavelmente, seria capturada na leitura desse livro. Amei sua resenha e gostei também do fato de Tierney ser uma girlpower. Bjks!

    Mundinho da Hanna
    Pinterest | Instagram | Skoob

    ResponderExcluir
  3. Eu já adorei essa segunda leitura para o projeto de leitura feminista! Porque eu estou sempre lendo algo feminista, então acho importante projetos com propostas assim! Já fiquei aqui intrigada e imaginando uma sociedade patriarcal cuja a existência de garotas é uma ameaça e essa purificação absurda que elas devem passar por isso. Essa é uma leitura que eu adoraria ler também, com certeza.

    ResponderExcluir
  4. Eu gosto muito de ler o gênero distopia. Sendo que uma das maiores obras desse gênero marcou muito o fim da minha adolescência e até hoje carrego com carinho no peito!
    Com certeza essa obra resenhada por você é de muita importância nos dias de hoje, e devem sim chegar ao conhecimento de todos. Ótima resenha.
    Beijão

    Carol, do Coisas de Mineira

    ResponderExcluir
  5. Primeiro que eu amei esse projeto de leitura. Segundo que esse livro parece ser muito legal mesmo. Eu adoro distopias e a maneira como elas sempre trazem discussões relevantes sobre problemas sócio culturais que são extremamente contemporâneos. Interessante pensar como esse evento, o Ano da Graça, se assemelha aos rituais de passagem da adolescência para a vida adulta, de várias tribos, ou até mesmo nossas (como baile de debutante ou maioridade). Amei muito a sua resenha, você sempre escreve bem e extrai do livro o essencial para apresentar pro leitor. Parabéns!

    ResponderExcluir
  6. Quando citou distopia já me interessou, mas o que realmente achei admirável foi o projeto leitura feminista, parabéns ! Agora a história do livro me pareceu bastante densa. Además não tem como fazer uma comparação com nossa realidade como se fosse uma metáfora exagerada dos nossos tempos. Obrigado pela indicação !

    ResponderExcluir
  7. Hoje nao consigo ler nenhuma distopia mais nao sei porque. amava ler jogos vorazes e divergente, mas hoje nao consigo ler nenhum mais

    ResponderExcluir
  8. Oie, tudo bem? Achei incrível esse lançamento da Globo Alt. Gosto muito de distopia e quando li a sinopse já me chamou atenção. Me fez lembrar de O conto da Aia da Rocco. Imagina um universo onde não podemos mostrar quem somos, ter que obedecer leis que não entendemos? Surreal. Um abraço, Érika =^.^=

    ResponderExcluir
  9. Minha proxima leituraaa!!!! To super ansiosa! Depois de Conto da Aia, O Poder, Vox... não vejo a hora! E que projeto sensacional esse de vcs. Eu amei!

    ResponderExcluir

Deixe aqui seu comentário, ele fará o autor do post se sentir feliz e correspondido e mais próximo de você que leu até aqui, obrigada e lembre-se: literatura é arte que empodera e liberta! @bardaliterária.

@bardaliterária