Passarinha, por Kathryn Erskine

Créditos da Imagem: Sai da Minha Lente

Nome: Passarinha | Autores: Kathryn Erskine  | Editora: Valentina | Ano: 2013  | Páginas: 224  | Skoob: Adicione  |  Compre na Amazon e ajude o Blog! 

" Não gosto dessas palavras gêmeas logo logo porque a gente não sabe quando elas vão chegar de fininho e pegar a gente de surpresa e virar AGORA. Ou vai ver que é daquele tipo de logo logo que nunca chega a acontecer. "

   É impossível iniciar uma leitura sem levar em conta nossas bagagens, eu iniciei a leitura desse livro especificamente por questões pessoais, motivos esses que colaboraram para que eu me sentisse cada vez mais envolvida com a leitura e a história e durante todo esse processo me percebi refletindo e rindo muito de várias cenas.

   Caitlin é uma garotinha de dez anos, ela uma garota com asperger ( um dos espectros do autismo), e está passando por um momento difícil de sua vida, a morte de um ente querido, no caso de Caitlin esse ente é seu irmão mais velho Devon. Agora em seu mundo despedaçado, Caitlin precisa lidar com o colégio, com seu pai em luto e entender o que ela mesma sente com relação a tudo isso.

" Os olhos são as janelas da alma, diz o Sr. Walters. Quando você olha dentro dos olhos de alguém pode ver muito sobre a pessoa."

   Caitlin é uma garota inteligente, esperta e cheia de talento, por ser asperger (um espectro do autismo) tem dificuldades de relacionamento e interação social, dificuldade que estava aprendendo a lidar com o auxilio do irmão, e ao precisar lidar com a morte do mesmo e o sofrimento e mudança comportamental do pai acompanhamos suas reflexões acerca das relações dentro e fora do ambiente escolar e a familiar com seu pai ainda vivenciando o luto de modo tão intenso.  A obra é narra toda sob a perspectiva de Caitlin o que torna mais viva a experiência de entender como ela percebe e observar os acontecimentos, sua literalidade (que traz um pouco mais de graça a obra), sua dificuldade em se relacionar com outras crianças, e a forma como entende a perda do irmão. 

   Falar sobre personagens autistas não é fácil, é necessário pesquisa para não cair no estereótipo. O espectro autista é um leque de possibilidades, nenhuma pessoa autista será como a outra, existem comportamentos comuns dentro do espectro mas cada pessoa se desenvolve de um jeito, e Kathryn conseguiu trazer em sua obra uma personagem verossímil, mas sem tirar sua individualidade ou estereotipa-la de modo ofensivo. Caitlin evolui a cada capítulo com suas próprias descobertas e respeitando seu próprio tempo, percebemos suas tentativas de compreender e é fácil ter empatia e simpatia pela personagem que encanta com sua visão de mundo tão única e ao mesmo tempo tão crua e inocente.

" A empatia não é tão difícil quanto parece porque muitos dos sentimentos das pessoas são os mesmos. E isso ajuda a compreender os outros porque aí a gente pode realmente se preocupar com eles de vez em quando."

   Passarinha é uma obra sensível que fala não somente sobre se colocar no lugar do outro mas respeitar as diversas formas de interpretação do mundo.