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Acho
pouco provável que você não conheça a lendária história de Carrie White, mas se
por ventura você não conhecer, deixo aqui um recado: nada vai ficar bem.
Calma!!
Isso não é um spoiler, pois o autor não faz questão de esconder isso já nas
primeiras páginas. O livro se utiliza de diversas ferramentas para narrar a
história, fazendo recortes de livros, notícias de jornais, relatórios
policiais, discussões de seminários, entrevistas e, a partir disso, é possível
perceber que a cidade fictícia de Chamberlain vivenciou um desastre de
dimensões estratosféricas. Desastre esse causado por Carrieta White.
O
mais importante não é você saber o que acontece, e sim como acontece.
...
Carrie
White desde sua infância sofre bullying por sua aparência, é ensinada pela mãe
que todas as mulheres são sujas e pecadoras (e que precisam se odiar por isso)
e não tem nenhum suporte afetivo/psicológico de outras pessoas. Ela é sozinha.
Ela é odiada.
Ela
também é telecinética.
Após
o traumático episódio no chuveiro da escola, onde Carrie tem sua primeira
menstruação e todas as colegas riem e jogam absolventes nela, uma das garotas
que estava zombando dela naquele momento se sente culpada pelo o que fez e pede
para que o namorado a leve para o Baile de Primavera, tentando assim “se
redimir” e fazer algo bom para Carrie.
Apesar
do receio, Carrie aceita o convite.
Mas
como eu disse anteriormente, essa não é uma história feliz. O que acontece no
baile é algo que vai mudar para sempre a vida de Carrie, dos estudantes de Ewen
Consolidated High School e de todos os moradores da cidade.
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Para
além da (maravilhosa) história de terror, Carrie, a Estranha também é uma
análise muito pertinente sobre os efeitos devastadores do fanatismo religioso,
da repressão à sexualidade feminina, do bullying e da opressão familiar.
Sua
mãe, Margareth White, é uma fanática religiosa que desde sempre reprimiu a feminilidade
da filha e a ensinou que mulheres são sujas, pecadoras e que precisam se
envergonhar por terem sido as portadoras do “pecado original”.
Para
se ter noção, Carrie não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo durante
sua menarca. Esse episódio tem um significado muito relevante aqui, pois é a
partir desse momento que ela adquire total controle sobre seu poder apenas após
esse episódio.
Em
uma sociedade onde mulheres já foram proibidas de entrarem em templos
religiosos durante a menstruação devido ao fato de serem consideradas “sujas”,
Carrie liberta seus poderes (que é algo reprimido por todos, principalmente por
ser considerado errado e perigoso) após sua primeira menstruação.
Simbólico,
MUITO SIMBÓLICO.
Na
opinião de quem lhes escreve nesse momento, Stephen King foi bastante perspicaz
na sua narrativa, principalmente por nos fazer entender que, apesar de tudo o
que Carrie faz no clímax da história, a tristeza e a solidão a acompanharam até
o fim. E deixar isso claro é MUITO importante, pois ele poderia ter apenas
“substituído” os sentimentos, “trocando” toda a tristeza por uma total fúria.
Ideia atrativa, mas absolutamente errada.
Nossos
sentimentos são muito complexos para sermos maniqueístas, e se tem uma coisa
que a história de Carrie nos mostra é que ela não é apenas uma pobre garotinha
que se tornou um monstro. Ela é uma personagem complexa, com emoções complexas
e que toma decisões complexas.
Eu
acredito que Carrie, a Estranha é um livro que vale muito a pena ser lido. É
uma leitura curta, fácil e empolgante, se você estiver com tempo e disposição,
é provável que consiga ler em menos de um dia.
E
a propósito, leia esse livro aberto para capturar não apenas a história
propriamente escrita... se permita mergulhar no simbolismo que essa obra
carrega.
Nome: Carrie, a Estranha | Autores: Stephen King | Editora: Suma de Letras/Companhia das Letras | Ano: 2013 | Páginas: 200 | Skoob: Adicione | Compre na Amazon e ajude o Blog!
Impossível esquecer Carrie,lembro-me que a primeira vez que li, fiquei chocada, mas, já velha, achei engraçado.
ResponderExcluirEu conhecia a personagem mas confesso que nunca tinha lido uma resenha do livro , não sabia que ela tinha poderes e como eles eram significativos , achei interessante poder conhecer um pouco mais sobre o livro.
ResponderExcluirEu, a loka do King, já li essa obra 2x, em momentos diferentes. Eu gosto bastante... principalmente por ter sido o pontapé inicial das publicações do mestre. Mas, é ótimo também para podermos fazer toda essa análise pontuada na resenha. Parabéns!
ResponderExcluirOi, tudo bem? Lembro que sempre tive "medo" de assistir o filme porque pensava que era terror. Mas depois de adulta assisti um pedaço e entendi aquela parte de fanatismo religioso. Quanto ao livro faz pouco tempo que soube dele então não li. Um abraço, Érika =^.^=
ResponderExcluirE pensar que esse livro ia pro lixo e a mulher dele não deixou. Amém heheh
ResponderExcluirEu curto demais esse livro. Do pouco que li de king, é um dos favoritos.
Foda as temáticas que a obra aborda...
Sensacional o que apresentou aqui sobre! Realmente, uma das coisas que mais me chama atenção nessa obra é justamente o fato de também ser uma análise pertinente demais sobre os efeitos devastadores do fanatismo religioso, além da repressão à sexualidade feminina, do bullying e da opressão familiar, inclusive. Na minha opinião, temáticas de extrema importância e que nunca deixam de ser atuais e relevantes para discussão na sociedade patriarcal tóxica.
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