Carrie a Estranha, por Stephen King

Créditos da Imagem: Blog Leitura na Rede



        Acho pouco provável que você não conheça a lendária história de Carrie White, mas se por ventura você não conhecer, deixo aqui um recado: nada vai ficar bem.

      Calma!! Isso não é um spoiler, pois o autor não faz questão de esconder isso já nas primeiras páginas. O livro se utiliza de diversas ferramentas para narrar a história, fazendo recortes de livros, notícias de jornais, relatórios policiais, discussões de seminários, entrevistas e, a partir disso, é possível perceber que a cidade fictícia de Chamberlain vivenciou um desastre de dimensões estratosféricas. Desastre esse causado por Carrieta White.

O mais importante não é você saber o que acontece, e sim como acontece.

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      Carrie White desde sua infância sofre bullying por sua aparência, é ensinada pela mãe que todas as mulheres são sujas e pecadoras (e que precisam se odiar por isso) e não tem nenhum suporte afetivo/psicológico de outras pessoas. Ela é sozinha. Ela é odiada.

     Ela também é telecinética.

 

     Após o traumático episódio no chuveiro da escola, onde Carrie tem sua primeira menstruação e todas as colegas riem e jogam absolventes nela, uma das garotas que estava zombando dela naquele momento se sente culpada pelo o que fez e pede para que o namorado a leve para o Baile de Primavera, tentando assim “se redimir” e fazer algo bom para Carrie.

      Apesar do receio, Carrie aceita o convite.

     Mas como eu disse anteriormente, essa não é uma história feliz. O que acontece no baile é algo que vai mudar para sempre a vida de Carrie, dos estudantes de Ewen Consolidated High School e de todos os moradores da cidade.

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    Para além da (maravilhosa) história de terror, Carrie, a Estranha também é uma análise muito pertinente sobre os efeitos devastadores do fanatismo religioso, da repressão à sexualidade feminina, do bullying e da opressão familiar.

 

    Sua mãe, Margareth White, é uma fanática religiosa que desde sempre reprimiu a feminilidade da filha e a ensinou que mulheres são sujas, pecadoras e que precisam se envergonhar por terem sido as portadoras do “pecado original”.

 

    Para se ter noção, Carrie não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo durante sua menarca. Esse episódio tem um significado muito relevante aqui, pois é a partir desse momento que ela adquire total controle sobre seu poder apenas após esse episódio.

 

     Em uma sociedade onde mulheres já foram proibidas de entrarem em templos religiosos durante a menstruação devido ao fato de serem consideradas “sujas”, Carrie liberta seus poderes (que é algo reprimido por todos, principalmente por ser considerado errado e perigoso) após sua primeira menstruação.

Simbólico, MUITO SIMBÓLICO.

    Na opinião de quem lhes escreve nesse momento, Stephen King foi bastante perspicaz na sua narrativa, principalmente por nos fazer entender que, apesar de tudo o que Carrie faz no clímax da história, a tristeza e a solidão a acompanharam até o fim. E deixar isso claro é MUITO importante, pois ele poderia ter apenas “substituído” os sentimentos, “trocando” toda a tristeza por uma total fúria. Ideia atrativa, mas absolutamente errada.

 

    Nossos sentimentos são muito complexos para sermos maniqueístas, e se tem uma coisa que a história de Carrie nos mostra é que ela não é apenas uma pobre garotinha que se tornou um monstro. Ela é uma personagem complexa, com emoções complexas e que toma decisões complexas.

 

    Eu acredito que Carrie, a Estranha é um livro que vale muito a pena ser lido. É uma leitura curta, fácil e empolgante, se você estiver com tempo e disposição, é provável que consiga ler em menos de um dia.

    E a propósito, leia esse livro aberto para capturar não apenas a história propriamente escrita... se permita mergulhar no simbolismo que essa obra carrega.




Nome: Carrie, a Estranha | Autores: Stephen King | Editora: Suma de Letras/Companhia das Letras | Ano: 2013  | Páginas: 200 | Skoob: Adicione  | Compre na Amazon e ajude o Blog! 






6 comentários:

  1. Impossível esquecer Carrie,lembro-me que a primeira vez que li, fiquei chocada, mas, já velha, achei engraçado.

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  2. Eu conhecia a personagem mas confesso que nunca tinha lido uma resenha do livro , não sabia que ela tinha poderes e como eles eram significativos , achei interessante poder conhecer um pouco mais sobre o livro.

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  3. Eu, a loka do King, já li essa obra 2x, em momentos diferentes. Eu gosto bastante... principalmente por ter sido o pontapé inicial das publicações do mestre. Mas, é ótimo também para podermos fazer toda essa análise pontuada na resenha. Parabéns!

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  4. Oi, tudo bem? Lembro que sempre tive "medo" de assistir o filme porque pensava que era terror. Mas depois de adulta assisti um pedaço e entendi aquela parte de fanatismo religioso. Quanto ao livro faz pouco tempo que soube dele então não li. Um abraço, Érika =^.^=

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  5. E pensar que esse livro ia pro lixo e a mulher dele não deixou. Amém heheh
    Eu curto demais esse livro. Do pouco que li de king, é um dos favoritos.
    Foda as temáticas que a obra aborda...

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  6. Sensacional o que apresentou aqui sobre! Realmente, uma das coisas que mais me chama atenção nessa obra é justamente o fato de também ser uma análise pertinente demais sobre os efeitos devastadores do fanatismo religioso, além da repressão à sexualidade feminina, do bullying e da opressão familiar, inclusive. Na minha opinião, temáticas de extrema importância e que nunca deixam de ser atuais e relevantes para discussão na sociedade patriarcal tóxica.

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