Indicação de Mangá: Berserk, por Kentaro Miura

 



     Uma lição sobre como bondade e maldade são apenas pontos de vista, assim como a luz e a escuridão

     Berserk é um dos se não meu mangá favorito, e é uma obra dificílima de sintetizar. Antes de começar é necessário dar alguns fatos e indicações:

·         Berserk é uma obra que toca em assuntos altamente sensíveis, por isso não o recomendo para quem não se sinta confortável com obras similares.

·         Todas as adaptações de Anime de Berserk são incompletas, no sentido de que abordam apenas sagas soltas do mangá, até hoje não houve nenhuma que conseguisse sintetizar tudo. Recomendo todas as adaptações fora a mais recente.

·         E por último, o autor de Berserk, Kentaro Miura, passou para o outro plano em 6 de maio de 2021. Atualmente Berserk não acabou e continua sendo desenvolvido, porém pelos aprendizes de Miura, seguindo o roteiro que já havia sido planejado.

     Situado em uma ambientação que une as culturas da Europa e Índia medievais, Dinastias Muçulmanas e o Cristianismo radical (a lá inquisição), Berserk cria um mundo onde a desesperança, escuridão, medo e incerteza dominam, culminando em uma realidade brutal, impiedosa e desumana. A arte de Berserk é um dos seus pontos mais fortes justamente porque, além de ser incrivelmente bonita, primorosa e extremamente detalhada, ela transmite perfeitamente os sentimentos previamente citados.

      Bebendo da fonte das tragédias gregas em conjunto com a filosofia moderna, Berserk utiliza da brutalidade, violência e trauma emocional como formas de explanar o psicológico dos personagens e seu impulsionar seu desenvolvimento, algo que também é utilizado em mangás vizinhos como Vinland Saga e Vagabond (recomendo ambos). Partindo disso, a obra aos poucos desenvolve reflexões sobre os temas de maldade e bondade, poder, traição, lealdade e humanidade, além da esperança num mundo que não a dá espaço.

     A história segue Guts, um espadachim que viveu e vive uma vida difícil e sofrida desde o dia em que nasceu, onde tudo que podia dar errado se concretizou, porém que mesmo assim, permanece sempre a contrapor a maldade e dureza do mundo com esperança. Algo que não vêm gratuitamente, pois inúmeros eventos traumáticos foram necessários para que Guts chegue aonde está. Entre eles está o fim que levou o Bando do Gavião, trupe liderada pelo “melhor amigo” de Guts e antagonista, Griffith, e os companheiros que por muito tempo foram sua família.

    Todos esses personagens são sofisticadamente trabalhados e desenvolvidos, principalmente no que se diz respeito à multifacetada natureza humana, o altruísmo, respeito, motivações, o sacrifício próprio e de outrem. Ao focar inicialmente nas limitações e fraquezas dos personagens, o autor criou uma aura de humanidade e outra de terror, que constantemente estão presentes na obra, e que muitas vezes nos surpreende, ao presenciarmos benevolência vinda do fantástico e horror vindo dos próprios seres humanos.

     Quis definir o menos revelador e mais vago possível o mangá, pois trata-se de uma obra cheia de reviravoltas, muitas das quais sua revelação fora de contexto podem o estragar. Termino essa resenha indicando que leia Berserk o mais às cegas possível, pois encontrará uma obra que é capaz de dar motivação à afronta dos problemas que a vida nos traz, e muda a perspectiva de quem o lê ao mostrar que até nos ambientes mais escuros, sempre existe mais luz do que enxergamos.




Post escrito por: Lucas F.

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