Atos Humanos, por Han Kang

 



      Impossível ler essa obra e não chorar, se envolver, sentir a dor de cada descrição…

      A revolta de Gwangju ocorrida em 1990 foi um movimento de estudantes contra a ditadura de Chun Doo-hwan, o ato que tomou o controle da cidade de Gwangju foi contida de forma violenta e atroz pelo exercito coreano e resultou em centenas mortos, feridos e pessoas desaparecidas.

Ao som agudo dos tiros, todos se viraram e começaram a correr […] O sangue, que se espalhou a partir da barriga, lhe cobriu o torso em um instante.

   Vozes diferentes, vidas diferentes, formas diferentes e experiências diferentes contadas sobre o mesmo ato, com fins diferentes para cada um; estudantes, famílias e vitimas, cada um com sua voz sendo a narradora, é assim que Han Kang nos apresenta de forma delicada mas nada sutil ou menos dolorosa o corrido em uma parte da história da Coreia.

“Certas memórias não cicatrizam. Em vez de obscurecerem com o passar do tempo, como outras, essas, pelo contrário, permanecem, fazendo apenas as outras memórias se desgastarem lentamente. O mundo escurece como se as lâmpadas se apagassem uma a uma.”

    E aqui preciso dizer que demorei um mês para finalizar essa leitura, não por falta de apego mas porque Han Kang coloca o leitor naquela dor, naquelas atrocidades, sofrimentos e o misto de emoções e sentimentos que tive com as descrições, as vidas e sonhos perdidos mediante a crueldade e sede de poder do homem é doloroso de uma forma em que ler a obra numa tacada só foi impossível pra mim.

    Atos humanos nos apresenta um trecho da história narrado por quem esteve, estava e ainda está presente num ato cruel que se ramifica em vários níveis e situações, sejam nas torturas, nas mortes, no vazio, abandono mas ligadas a crueldade, levantando reflexões dolorosas e a percepção de que como humanos quais são nosso atos, são somente cruéis ?





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