Colega de Quarto de Victor Bonini

Título: Colega de Quarto - E se o seu maior pesadelo ganhasse vida?

Autor: Victor Bonini

Ano: 2017

Editora: Faro Editorial

Páginas: 299

Skoob: Adicione

Compre na Amazon (Ajude o blog!)

Sinopse: Eric Schatz, carioca que se mudou para São Paulo por conta do curso universitário, começa a perceber indícios de que há mais alguém frequentando o seu apartamento.
Primeiro, um par de chinelos.
Então, uma outra escova de dentes. Um micro-ondas que é ligado sozinho durante a noite, barulhos estranhos a qualquer hora e luzes que se apagam de modo misterioso.
Até que, em determinada noite, Eric enxerga o vulto do colega de quarto entrar em seu apartamento pela porta da frente.
Desesperado, o rapaz vai atrás de um detetive particular, mas parece ser tarde demais. Em menos de 24 horas, tudo acontece de modo acelerado e depois de uma ligação desesperada, cortada abruptamente, Eric despenca da janela do seu apartamento.
Em seu livro de estreia, o autor nos apresenta uma história urbana de tirar o fôlego. Um mistério que passa por uma relação familiar complicada, suspeitas por todos os lados, e camadas e camadas de culpados. Há alguém inocente?

   Colega de Quarto nos envolve com uma trama bastante interessante: um garoto rico chamado Eric Schatz começa a perceber que, aparentemente, há mais alguém morando em seu apartamento. Ele encontra um par de chinelos que não são seus, uma escova de dentes que não lhe pertence, seu micro-ondas está ligando sozinho, e, além disso, sons, vultos e barulhos estranhos se tornam frequentes. Essa história com certeza daria um bom livro de terror, mas não é bem esse caminho que o autor decide tomar.

   Após procurar ajuda com um psicólogo e falar com alguns amigos, Eric vai atrás do detetive particular Conrado “Lyra” Bardelli. Lyra é um homem de meia idade, barbudo (como o autor adora ressaltar) e que ganha a vida como advogado e, nas horas vagas, como um detetive particular a lá Sherlock Holmes (Xeroque Rolmes, para os íntimos) e Poirot. Seguindo o estereótipo de riquinho chato e prepotente, Eric exige que Lyra desvende o caso, oferecendo-lhe quanto dinheiro o detetive quiser. Lyra se mostra cético diante do caso, e isso é o suficiente para que Eric, já apresentando certo descontrole, vá embora de seu escritório.

   Aquela não seria a última vez que Lyra falaria com Eric.

   Durante a noite, Lyra é surpreendido com uma ligação. Era Schatz. O garoto ligou, desesperado, pedindo ajuda para Lyra, dizendo que o suposto morador de seu apartamento estava lá, e que ele não sabia o que fazer. Após uma breve conversa, Eric desligou sem mais explicações, apenas dizendo que queriam deixa-lo louco.

   Naquela noite, Eric havia feito sua última ligação. Naquela noite, Schatz despencou pela janela do seu apartamento no 15º andar.

   Naquela noite, Eric Schatz morreu.

   No dia seguinte ao suicídio de Eric Schatz, Lyra recebe uma ligação de um amigo da polícia, Wilson, perguntando porque a última ligação do garoto havia sido para o detetive. Bardelli é chamado à cena do suicídio e, devido à estranheza do caso de Eric (como uma mala pronta em seu apartamento, por exemplo), Lyra é introduzido no caso por seu amigo de forma “extraoficial”, tendo assim uma semana para investigar o “suicídio” de Eric.

   Bom, como eu havia dito, o livro não se prende à trama e ao mistério do colega de quarto, pelo menos não diretamente. A partir desse momento, o livro se torna um suspense policial, com vários suspeitos, amigos filhos da puta, relações familiares complicadas, mistérios envolvendo a empresa da família Schatz e ótimas deduções do de Lyra, que cumpre bem o papel de “gênio sem muitos amigos que vive para o trabalho e que acha que dinheiro não tem tanto valor assim”. Ele segue um pouco o estereótipo de “investigadores fodões”, mas faz isso de maneira honesta.

   A narração do livro é bem dinâmica. Não há muito espaço para tramas pessoais do investigador, descrições detalhadas de ambientes e personagens ou para “sub-histórias”. Os capítulos são curtos, tendo mais ou menos 5 páginas cada, e isso me causou certa estranheza no início, mas com o tempo você acaba se acostumando. Eu já disse que o livro é bem dinâmico? Pois é, e volto a repetir! Se você quer ler uma história sem enrolação, esse é o livro ideal para você, pois a trama é bastante corrida e não há tempo para você se cansar. Agora, se você gosta de uma história cadenciada, com muitos personagens trabalhados e complexos, talvez você não goste tanto desse livro, pois salvo algumas exceções, os personagens são, como eu posso dizer... simples! Você não se apega muito com eles e não se importa muito com o seu fim. Mas, para não ser injusto, alguns poucos personagens são cativantes, e você muitas vezes se pega torcendo para eles (principalmente dona Olga <3).

   Sabe outra coisa que me causou muita estranheza no início? A história se passa no Brasil! É muito interessante ver que a história acontece em São Paulo. Esse é (vergonhosamente) meu primeiro livro que se passa em terras tupiniquins, e, apesar da estranheza inicial, a experiência foi sensacional.

   Eu destacaria como principal ponto positivo do livro a fluidez da leitura e o fato do autor escrever de maneira que nos prende desde o primeiro capítulo. Como ponto negativo, eu destacaria o fato da pouca descrição dos personagens e dos ambientes. Mas não se preocupe, isso não irá estragar sua experiência.

   Colega de Quarto é um livro honesto. Quase todos os mistérios são resolvidos de maneiras críveis, com exceção de algumas poucas deduções que, ao meu ver, não possuíam evidências suficientes. O final do livro me deixou surpreso, e fechou todos as pontas que ficaram soltas no decorrer da história. O autor Victor Bonini, em seu primeiro livro, conseguiu fazer um bom trabalho, que vale a pena ser conferido por quem gosta de um bom suspense policial.

“Seus olhos se arregalaram com a visão. Apesar do escuro, mesmo com a distância, mesmo que não pudesse discernir contornos claros do que chegava à sua vista, Eric enxergou. Viu a silhueta de um homem entrar no seu apartamento pela porta entreaberta. O medo invadiu seu corpo na forma de uma sensação gelada que lhe percorreu a nuca causando-lhe calafrios”.Colega de Quarto, p. 15.

Nota: